Terça-Feira, 25 de Março de 2025 @ 36x1h
Fernando Morgado avalia a importância do dial, incluindo seu impacto financeiro
No Brasil, onde o rádio tem uma penetração gigantesca, essa realidade é ainda mais evidente. O dial não é apenas um canal de entretenimento, mas um instrumento de desenvolvimento regional, integração e soberania. A ideia de que o rádio tradicional estaria ultraado ignora sua importância estratégica, especialmente em um país de dimensões continentais.
O rádio fortalece a economia local?
Nenhuma outra mídia tem um impacto tão direto na economia regional quanto o rádio. Pequenos e médios empresários dependem das emissoras para anunciar seus produtos e serviços com eficiência e custo-benefício muito superior ao das plataformas digitais. O rádio mantém o dinheiro circulando dentro do país.
A publicidade no dial impulsiona o comércio local. Diferente das grandes plataformas, onde os anunciantes competem com marcas globais e algoritmos pouco transparentes, no rádio a mensagem tem relevância imediata e chega diretamente ao consumidor. Isso permite que mercados regionais prosperem, fortalecendo a economia de bairros, cidades e estados inteiros.
Tamanho potencial de crescimento atraiu investimentos. Recentemente, o Grupo SCC ampliou sua presença no rádio em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a Forbes Brasil incorporou uma emissora em São Paulo, o Sistema MPA lançou a Nova Sertaneja na Grande Belo Horizonte, a família Camargo assumiu o controle da Rede Transamérica, o Grupo RIC adquiriu a Banda B, a Band FM foi inaugurada no Rio de Janeiro e o Grupo ND lançou a Alpha FM em Florianópolis, entre outros exemplos.
Esse movimento também impacta o mercado de trabalho. As emissoras de rádio geram postos de trabalho em cidades onde poucos outros meios de comunicação operam. Locutores, jornalistas, técnicos e profissionais de vendas encontram no rádio um mercado aquecido e enraizado nas comunidades. E o melhor: sem depender de algoritmos estrangeiros que controlam o que pode ou não ser visto.
Como o dial reforça a independência do país?
Investir no rádio tradicional significa garantir que a comunicação no Brasil continue sendo pautada pelas necessidades da população. Hoje, uma parcela significativa do conteúdo consumido pelos brasileiros a pelo filtro de poucas big techs, que estabelecem suas próprias regras e podem mudar suas diretrizes sem aviso.
No dial, essa dinâmica é diferente. As concessões de rádio asseguram a prestação de serviços à população, especialmente em momentos críticos, como eleições, crises climáticas e emergências de saúde pública. Essa estabilidade estimula o mercado publicitário e o jornalismo local, além de assegurar que vozes regionais continuem tendo espaço.
Por que o dial é insubstituível?
Ao contrário das plataformas de streaming, que exigem conexão com a internet, e até conhecimento de outro idioma para navegar por suas interfaces, o rádio FM/AM é ível a todos. Não há barreiras técnicas ou financeiras. Basta um receptor básico para ouvir notícias, música, esportes e serviços públicos em qualquer canto do Brasil.
Além disso, o dial tem um papel vital na preservação da cultura local. O rádio ajuda a manter vivas as tradições, a música e os sotaques que muitas vezes são ignorados pelas plataformas digitais. Sem o rádio tradicional, a produção cultural brasileira estaria ainda mais centralizada e homogênea, reduzindo a diversidade que faz do país um dos mais ricos do mundo em expressões artísticas.
Os dados da Techsurvey reforçam que o rádio não apenas continua relevante, mas é a escolha preferida da população. A gratuidade e a praticidade são apenas dois dos fatores que sustentam sua força. Mais do que um meio de comunicação, o dial é um ativo estratégico para o Brasil, garantindo desenvolvimento, inclusão e independência em um cenário cada vez mais dominado por conglomerados internacionais.
O futuro do rádio não está em disputa, pois ele já provou sua resiliência. O desafio agora é fortalecer seu modelo, ampliar sua modernização e garantir que continue sendo um pilar fundamental para a sociedade brasileira. As concessões de rádio não são um resquício do ado, mas um investimento no presente e no futuro do país.